Sejam Bem Vindos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

UM CONTO DE ALAMBIL (DE ORION PARA NOVA ETHER)

 

UM CONTO DE ALAMBILA Ilha Da Morte


Muitos mistérios rondam esta ilha, quando se chega lá, tudo e todos os animais são normais, quase tudo que existe nesta ilha existe em qualquer outra, eu disse quase tudo, um exemplo: quando as luas Tarvia e Belunia brilharem juntas uma encima da outra no céu com um brilho alaranjado, não queira estar nesta ilha!

Dia Sexto, 13 de Celebran do 13º ano de Grímar;

- Capitão, o que é aquilo? é uma ilha?

- Sim marujo, é uma ilha, o que aponta o mapa?

- Capitão, se estivermos seguindo corretamente as suas coordenadas... essa ilha não existe nos mapas de Orion.

- Quer dizer que descobrimos uma terra marujo! mandem abaixar âncoras ao meu comando!

Aquele era um dia onde se eu pudesse voltar atrás, jamais teria embarcado nesta viagem. Estávamos a três semanas longe de nossa terra Delgor, enfrentando a fúria de Niksa, Deus dos sete mares, indo na direção das terras elficas de Empathica e todas as noites era a mesma coisa: tempestades, ondas de aproximadamente três a cinco metros levantando e despejando suas águas dentro do Diabo Roxo, o maior navio do ocidente e o mais resistente também. Já haviam oito dias que tinhamos deixado as ilhas de Serenata e as nossas provisões de água e comida já estavam acabando, havia apenas rum, que ao invés de matar a sede nos embriaga e não permite que vejamos um palmo a frente de nosso nariz. Essa era a época da cartografia e muito me adimirava ninguém nunca ter topado de frente com essa ilha. Nós descemos as âncoras e fomos explorar a ilha, logo descobrimos que a ilha não era habitada, levariamos mais ou menos uma semana ou duas para cartografá-la e voltaria sabendo que jamais precisaria subir de novo num navio para trabalhar, afinal havia descoberto uma ilha e o dinheiro pago para descobridores de terras em Delgor são altissímos. Pegaria o dinheiro e investiria em outra coisa, a ilha era minha! Mal sabia eu que estava embarcando no pior pesadelo da minha vida!

- Capitão, ninguém na ilha que pudesse se declarar seu dono.

- Marujos, façam tudo corretamente que nunca mais precisaremos trabalhar pros outros, preparem-se para subir de vida. Peguem provisões e avisem aos que estão no navio que passaremos a noite aqui.

- Sim senhor e é para todos passarem a noite aqui?

- Diga a eles que das onze horas as duas da manhã todos comeremos e beberemos um pouco de rum para comemorarmos a terra que foi descoberta por nós.

- Sim senhor!

E aquele marujo foi feliz e saltitante, assinar o decreto de morte daqueles outros marujos que tinham uma família para cuidar, uma família que esperava por eles e que esperariam para sempre, pois eles jamais voltariam. Marujo Wotsom, aquele marujo com todo aquele seu amor e devoção pelo que fazia, tinha tudo para ser o próximo capitão do Diabo Roxo, mal sabia que ele seria o primeiro a morrer.

Morrer pelo seu capitão.


Já eram onze da noite e fazia mais ou menos umas quatro horas que havíamos chegado, e os marujos já estavam começando a beber e a comer, eu apenas me sentei em uma pedra e fiquei observando as luas de Orion, que a minha bela Horizontina observava sempre, eu sempre as observava pois sabia que ela, a minha futura esposa, pensava em mim sempre que fazia isso. Eu tinha comprado o nosso anel de casamento dois dias antes de ir para aquela maldita viagem! Eu me lembro como se fosse ontem, ela não queria que eu viajasse, ela não queria que eu fosse, mas eu disse para ela que seria minha última viagem a trabalho e que quando eu voltasse nós seriamos felizes porque eu pegaria o dinheiro que havia conquistado nas viagens como capitão, não seria grande coisa, mas daria para pagar as contas do nosso casamento, comprar nossa casa e abrir um negócio que seria nosso ganha pão. E eu fiquei ali observando as luas por uns cinquenta minutos, quando eu vi que os marujos já estavam querendo passar a noite de bebedeiras eu mandei que fechassem todos os barris e disse que precisava de todos eles lúcidos.

Disse que não beberiam mais rum, que podiam comer, beber água e fazerem o que mais quizessem, menos beber rum; quando me sentei de novo, com menos de cinco minutos adormeci e sonhei com a minha linda Horizontina, o último sonho da minha vida, a partir daí só viriam pesadelos.

- Capitão, capitão Alambil, acorde, a ilha é amaldiçoada capitão, acorde!

- Como assim homem , a ilha é amaldiçoada? - dizia eu ainda limpando os olhos.

- Veja o senhor mesmo!

Quando dei por mim, não vi mar, não vi navio, vi uma terra negra, um pó embaixo dos meus pés, onde grama nenhuma nunca nascera, vi meus marujos apavorados, sem saber o que estava acontecendo.

- O que aconteceu, marujo Wotsom?

- Senhor estávamos comendo quando o marujo Rump queria tomar mais rum, muitos de nós não permitimos mas ele queria mais, foi quando outros marujos que também queriam encher a cara, começaram a caçar briga, pois não queriam cumprir suas ordens, e quando fui acordá-lo senhor, todos nós caímos em sono profundo e acordamos nesta terra.

- Vocês acordaram a quanto tempo marujo?

- Agora, senhor!

- Todos estão bem?

- Sim senhor!

- Alguma bruxa deve estar brincando com os nossos olhos.

Foi quando ouvimos um som, um guincho muito alto, eu disse aos marujos para manterem a calma quando vissem a besta, porque eu conhecia aquele grunhido... era um dragão colossal. Ele sabia que estávamos ali, ele sentiu nosso cheiro, ele queria comer, e ele estava vindo atrás de comida, quando ele apareceu gigantemente grande, alguns dos marujos desmaiaram, morrendo logo em seguida pois viraram comida fácil para o predador; outros correram, eu apenas contei com a sorte e quando o dragão percebeu minha presença fácil e vinha ao meu encontro, o marujo Wotsom me empurrou e foi comido pelo monstro, eu cai em um buraco parecia uma caverna, outros marujos pularam lá também, com o intuito de fugirem da besta. Mal sabiamos nós que quanto mais andássemos mais perigos apareceriam em nossos caminhos, pois quem está em Quimera está na casa da morte, e o dragão colossal só foi o mais afobado oponente que encontrariamos, pois os outros sabiam que passaríamos pelo dragão e cairíamos na boca deles.
Quando havíamos chegado ao fundo da caverna, estava muito escuro e eu apenas pedi para que algum marujo acendesse alguma tocha ou qualquer coisa que nos ajudasse a ver melhor, quando eu ouvi uma gargalhada macabra - Eu estava esperando por você meu querido, meu jantar, peguem ele. - e uma luz se acendeu, e pude ver que não tinha marujo nenhum ali, não sabia o que tinha acontecido com eles até aquele momento; nenhum marujo, aproximadamente uns quinze monstros lambendo os beiços, loucos por comida. Eu começei a lutar com eles, com alguns deles, porque estranhamente eles também começaram a lutar entre si. Eu sabia manejar uma espada muito bem, mas foi a minha insanidade em combate que me permitiu matar os que sobraram e que vinham me atacar - acabou, matei o último! ...mas o que é isto? - aqueles monstros, não eram monstros, eles, eles eram meus marujos, meus homens. Naquele momento eu caí em pranto e desespero, eu havia sobrevivido de um dragão, para matar meus próprios marujos, mais do que isso, eles eram meus soldados, talvés uma grande parte ali, teria enfrentado, momentos antes, outros marujos que queriam descumprir minhas ordens, meus marujos - Maldita! foi você? apareça Maldita! - em minha fúria não pensava em nada, apenas em matar a maldita bruxa que estava fazendo aquilo, eu sinceramente não sabia o que estava fazendo, se soubesse o que ia acontecer logo a seguir, jamais teria chamado aquela maldita. Mas ela apareceu, feia, a mulher mais horrorosa que já vi, ela tera gorda e tinha muitas verrugas espalhadas pelo corpo - Oi querido, você venceu! eu acho que você merece um prêmio - e aquela cabeça, naquela hora parecia mais um monstro avançando sobre mim com aquela boca se abrindo na vertical, com enormes dentes, e uma baba que caia no chão e fazia buracos levantando uma fumaça fétida, como se aquela baba derretesse o chão, eu me esquivei da bruxa e cortei sua barriga com um movimento rápido de espada, ela não esperava por isso, ela me chamou de maldito e ficou falando palavras que eu não entendia, ai me lembrei que bruxas faziam feitiços em outras línguas e cantavam mantras malignos que eu jamais compreenderia, me aproveitei que ela ficou parada e não quiz esperar para ver o que aconteceria logo a seguir, corri e passei a espada com rápidez e precisão no seu pescoço, fechei os olhos e ouvi sua cabeça rolando pelo chão.

Eu sabia que era mais seguro ficar sozinho, então quando via alguns de meus marujos, tratei de deixar um aviso em algum lugar, escrever no chão ou deixar alguma página do meu diário de bordo que andava sempre comigo, dentro da minha bota, eu escrevia que não era para ninguém confiar em ninguém que o mais seguro naquele lugar, era ficar sozinho, ou seriam enganados pelos próprios olhos, como eu fui.


Cinco anos depois...

Cinquenta e dois marujos, o número de pessoas que foram destinadas a uma morte macabra em Quimera.

Enfrentei monstros que Orion jamais viu, bruxas que fazem as de Orion parecerem personagens de circo, dragões que matam com um simples olhar ou que soltam baforadas de ácido capaz de derreter pedras de diamante, mas uma coisa sempre ficou na minha mente: o rosto de Horizontina, a promessa que fiz a ela sempre ficou latejando nos meus pensamentos. O tempo em Quimera não me afeta, este lugar é banhado de muita magia e eu estou sozinho, passando pelos piores pesadelos, pesadelos que ninguém nunca teve, tem uma certa parte neste lugar, que eu não consigo passar, é como se Quimera tivesse um campo de força envolta de si, ouvi um grupo conversando, rindo e eles falavam assim: "ninguém sai, ninguém entra, seja plebeu, seja Rei, seja Rei Primo Branford!". 

Conheci uma bruxa aqui, que me disse que eu jamais vou voltar para casa, que a minha vida vai ser essa para sempre, tempos mais tarde descobri que ela é uma bruxa traiçoeira mais que ela via o futuro, será que o meu futuro será esse eternamente? Será que ela foi traiçoeira e mentiu pra mim? Só me resta a esperança, para acreditar que um belo dia eu verei novamente seus olhos verdes Horizontina! sentir o seu cheiro, tocar a sua mão, ouvir sua voz... voltar para você.

Dez anos depois...

Há oito anos eu conheci uma garota, seu nome é Alice; Ela costumava dizer que esse lugar era uma maravilha, ela tem gato branco e sempre que olho pra ele eu tenho a impressão que ele sorri pra mim. Alice me chamou para tomar um bom banho e comer alguma coisa, eu sempre ficava calado, deve ter sido por isso que naquele dia ela falava tanto! Ela me mostrou um rio que passava próximo dali onde eu podia me refrescar, ela era muito educada mais um pouco maluca também.

Ela me perguntou meu nome e me convidou para ir em sua casa!Eu não sabia porquê tinha entrado naquela casa, eu só sabia que aquela garota, mesmo se ela quizesse, não me faria mal algum. Ela era a inocência em forma de mulher, uma jovem muito bonita que me lembrava minha Horizontina, ela tinha os cabelos loiros, lindos e grandes, as pontas eram, sei lá, mais escuras que o resto do cabelo. Em suas conversas confusas e cheias de palavras estranhas, ela havia comentado sobre sua mãe, Ela me falou que morava ali a pouco tempo e que sua mãe havia saído para buscar comida para elas e que um homem chamado Alambil passaria por lá e era para convidá-lo para jantar com elas.

- Ela chegou! - Disse a garota com um enorme sorrizo de felicidade no rosto e foi correndo ao encontro daquela mulher, como um cachorro feliz pela presença de seu dono, ela abriu a porta e disse para sua mãe: - Ele chegou, mãe, ele chegou! - A mulher entrou com um pacote nas mãos e olhou para mim com aquela sua maquiagem berrante e me perguntou:

- Quem é você fugidio?

- Eu que pergunto, como sabia que eu passaria por aqui, bruxa!?

- Hum! seu nome por acaso é Alambil?

- Como sabe meu nome?

- Alambil, meu querido, eu te esperei por tanto tempo!

Quando ela disse isso eu retirei minha espada da bainha e mandei que ela não se aproximasse de mim, que ela não seria a primeira bruxa que eu mataria; mas ela riu e zombou de mim, disse que se tinha alguém que podia me ajudar, era ela e que se eu a matasse jamais saberia como sair daqui, porque só ela sabia onde era o lugar exato que eu tinha que estar quando as luas se cruzassem, eu guardei a minha espada e jurei que se ela fizesse qualquer coisa e se mentisse pra mim eu a mataria, ao contrário de bruxas que já encontrei, ela não avançou em mim e foi educada disse que me diria mas eu tinha que dar algo a ela em troca da informação e eu disse que se fosse para ir embora para minha casa eu faria qualquer coisa, e ela me prometeu glória, me prometeu riqueza, me prometeu coisas que qualquer homem venderia a alma para conseguir, ela encheu os meus olhos de brilho e foi ai que começou tudo.

Hoje eu sei exatamente onde estou, que mundo é este e o que eu tenho que fazer, eu já viagei por todo este mundo, conheci pessoas influentes e já pertenço a uma sociedade secreta, uma sociedade poderosa, e não existe escudo de força que me pare! Alice está quase tendo nosso filho, apesar de eu nunca ter encostado uma dedo nela, Mãe Gothel disse que estamos prestes a sermos os donos do mundo, deste mundo e como diz Alice: deste mundo maravilhoso chamado Nova Ether, e nem sei mais se quero voltar para Orion, Mãe Gothel me ensinou a verdadeira arte de viver, me ensinou tudo que um iniciado precisa saber e disse que eu preciso espalhar isso para todos os cantos do universo. Pois eu sou a pessoa tocada, que pode viajar dentre os mundos criados do éter, criado de toda a essência divina.